quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Projeto Atletismo Esperança

 A série sobre os Centros de Formação de Atletismo(CFA) do Sistema Nacional Caixa de Treinamento(SNT), da Confederação Brasileira de

Atletismo (CBAt), que começou na última edição da Revista PODIUM, prossegue agora com o reconhecimento de mais três iniciativas em todo o País.

O Projeto Atletismo Esperança, de Campo Mourão,Paraná, é um deles. Criado em 1991 pelo treinador Paulo César da Costa, a iniciativa ganhou este nome porque o gestor acredita que a modalidade tem a função de dar esperança para as crianças e jovens de terem uma oportunidade na vida por meio do esporte.

“As atividades não visam apenas o atletismo, mas englobam a formação fora do esporte, agindo positivamente na área escolar, social e política, possibilitando a realização de sonhos”, comenta Paulo César. A primeira medalha a nível nacional do projeto foi conquistada em 1992, com Paulo Dondoni na categoria sub-18 no salto em distância em Indaiatuba (SP).

Já a primeira convocação para seleção brasileira e medalha ocorreram em 1994, em Cochabamba, Bolívia, com Rubia dos Santos nos 300 m com barreiras, batendo o recorde sul-americano sub-16.

De lá para cá o projeto cresceu e, ao longo desses quase 30 anos, passaram pela pista de atletismo mais 3 mil atletas, com mais de uma centena deles convocados para seleções em Sul-Americanos, Pan-Americanos e Mundiais, de diversas categorias.

O projeto tem como padrinho há 12 anos o medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima, que ganhou o bronze histórico nos Jogos de Atenas-2004, após ser derrubado por um manifestante quando liderava a maratona.

O Projeto, que reúne hoje em torno de 100 crianças, jovens e adolescentes, tem atualmente parcerias com professores das cidades de Moreira Sales, Colorado, Jaguariava, Reserva, Cambará, Icaraíma, Palmas e Peabiru.



O sucesso do projeto são os festivais que reúnem mais de 3 mil crianças todos os anos em circuito de corrida de rua e testes realizados nos colégios de Campo Mourão e região.

Os patrocinadores são a Fundação de Esportes de Campo Mourão, por meio da lei de incentivo, e com as empresas Unimed, Expresso Nordeste e Ligue Telecom, além de contar com o apoio dos médicos Artur Andrade e Fernando Capelli, ClinicSport e do Depósito Marinho, Faculdade Integrado, Faculdade UNOPAR e ASSERCAM.

“Temos também parcerias com Secretaria da Educação Municipal de Campo Mourão, Núcleo Regional de Educação, Federação de Atletismo do Paraná, Instituto de Atletismo de Campo Mourão, CBAt, CBC e SNT”, diz Paulo César.

“O nosso grande sonho é ter uma pista sintética, com estrutura. E claro ter cozinha para dar lanche antes e depois dos treinamentos das escolinhas, além de bons patrocinadores”, conclui o treinador.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

FLAVIA LIMA, DO ATLETISMO MOURÃOENSE PARA AS OLIMPÍADAS

 Nosso quadro Fera do Esporte Mourãoense do Resenha CM desta semana é com Flavia Lima. Uma vencedora na vida e também no esporte, nasceu em Rio Negro Paraná e desde que saiu da comunidade rural, em um sitio localizado em Campo do Tenente  para ser destaque do atletismo mourãoense, estadual, nacional e chegar representando o país nas olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016.


Filha de agricultores, Flavia sempre estudou muito e ajudou os pais na roça. “Desde pequena ajudava no serviço da roça e com a criação de algumas vaquinhas que tínhamos para o leite.  Eu estudava no período da manhã e todos os dias a tarde saia com a bicicleta para vender o leite. E nas horas vagas, adorava brincar com a minha irmã mais nova no meio dos pastos”; contou Flavia

Flavia sempre teve o incentivo e o apoio de seus pais e os citam como grandes exemplos. “Fui uma criança muito feliz. Com os meus pais aprendi a batalhar pelas coisas e dar valor pela vida. ”



Uma participação nos jogos escolares na modalidade de atletismo que a vida de Flavia Lima começou a mudar. Com um grande incentivo da professora de Educação Física Lucia Regina, Flavia iniciou a carreira vitoriosa no esporte. “Ela lutou para eu conseguir participar dos jogos escolares do Paraná, pois não tinha muito apoio de outros professores. E por meio dessa competição que o atletismo profissional entrou na minha vida. A professora Lucia foi o anjo inicial da minha carreira. Adoro ela de todo meu ser, sou muito grata pelo meu início, sem treino, sem nada apenas com a coragem”.

Flavia Lima disputou a competição toda descalça. As provas forma de Heplatlo e Salto em Altura, sendo destaque conquistando a terceira colocação. “Não tinha noção nenhuma de técnica era toda descoordenada, e foi a partir desse resultado que o treinador Paulinho fez o convite para treinar em Campo Mourão”. Disse Flavia

Um dos grandes descobridores de talentos da cidade de Campo Mourão, o técnico Paulo Cesar Costa, o Paulinho, teve que superar as desconfianças dos pais. Flavia contou que os pais saíram de Campo do Tenente onde moram para acompanhar os primeiros dias em Campo Mourão. “ Eles resolveram irem até Campo Mourão para conhecer a cidade, a casa onde iria morar, a escola. E a partir daí deixei de ser uma amadora para me tornar uma atleta de alto rendimento. ”

Flavia estudava de manhã e os treinos eram no período da tarde treinando Salto em altura, porem na primeira competição Paulinho descobriu o grande potencial e talento da atleta. “Em uma competição para pontuar para a equipe, o Paulinho me colocou para correr a prova dos 800 metros e no final de história ganhei a prova e foi a partir desse ponto que passei a correr meio fundo e minha especialidade virou a prova dos 800 metros”.

A falta de investimentos foi a grande dificuldade da atleta para a disputa das competições.  “Acredito que poderia haver mais apoio e o poder público e privado entenderem o poder que o esporte tem sobre a vida das pessoas. Hoje a grande dificuldade é conciliar treinos com a maternidade. “Muitas vezes deixei de treinar pois não tinha ninguém para cuidar da minha filha. E também não tenho muito tempo para poder ter um bom descanso ou uma boa recuperação de um treino para outro”.

Paulinho treinou Flavia de 2010 até o final de 2011. A partir de 2012 quem assume é  Luiz Alberto de Oliveira, o mesmo treinador do medalhista olímpico Joaquim Cruz. Flavia relatou sobre a importância do atletismo de Campo Mourão. “ O atletismo mourãoense descobre muitos talentos e promessas para o esporte nas categorias de base. Um trabalho maravilhoso e que tem excelentes resultados a níveis nacional e internacional.  Alguns atletas desistem de suas carreiras por que a equipe não tem tanta condição financeira e por isso a modalidade precisa de mais apoio da cidade, para não deixar esses sonhos morrerem”.

O técnico Paulinho é lembrado com muito carinho pela atleta. “ Ele sempre lutou pelo atletismo de Campo Mourão e luta até hoje para conseguir manter seu projeto em pé. Vejo ele como um guerreiro que está sempre disposto a brigar pelo melhor para a equipe”.

Foram diversas conquistas e premiações que Flavia alcançou até aqui na carreira. Dentre elas: Brasileiro Juvenil Maringá 2012. Prata nos 800m; Grande prêmio Brasil Caixa de Atletismo Uberlândia 2013 – bronze nos 800m;Troféu Brasil Caixa de Atletismo 2013- campeã 800m; Troféu Brasil Caixa de Atletismo 2014 – Campeã 1500m; Troféu Brasil Caixa de Atletismo 2015 – Campeã nos 800m e 1500m; Troféu Brasil Caixa de Atletismo 2016 – vice nos 800m e bronze nos 1500m; Brasileiro universitários Maringá 2018- Campeã 3000m com obstáculos; Brasileiros universitários 2019 Fortaleza – Campeã nos 3000m com obstáculos e vice nos 1500m; Troféu Brasil Caixa de Atletismo 2019 – bronze nos 3000m com obstáculos. Participação sul-americano de Cross country 2012 -categoria juvenil.

Participações em Campeonatos fora do Brasil também marcaram a carreira vitoriosa de Flavia. São destaques as competições. Participação Mundial Juvenil Barcelona – Espanha 2012.ice campeã nos 800m sul-americano  adulto Cartagena da Índias – Colômbia 2013; Campeã nos 1500m sul-americano sub23 Monteviedeu – Uruguai 2014; Vice campeã 800m e 1500m sul-americano adulto Lima – Peru 2015; Bronze Jogos Panamericanos Toronto – Canadá 2015; Participação Mundial de Atletismo Adulto –  Pequim 2015 e *Participação  Jogos Olímpicos Rio 2016.

A terceira colocação no Pan-americano de Toronto marcou a carreira da atleta Foi especial e marcante pois fiquei em 3° lugar na prova dos 800 metros  e minha melhor marca profissional. Também conquistei o 5 lugar° nos 1500 metros.

 Falando em Olimpíadas o sonho de todo o atleta foi realizado por Flavia nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. “Eu abri mão de tudo, tranquei minha faculdade naquele ano, morava longe de toda minha família, minha vida era treinar, comer e descansar, minha rotina era tudo voltada para melhorar ainda mais meu rendimento esportivo. E estar representando meu país foi algo literalmente magico e emocionante. Meus pais estavam na arquibancada me vendo correr pela primeira vez ao vivo, eu estava fazendo o que amo e com as pessoas que mais amo no mundo. Não existe palavras para descrever o que foi aquele momento, só sei que foi mágico, extraordinário”.

Flavia citou uma experiência marcante e importante um grande aprendizado foi um camping realizado durante 45 dias no Quênia em 2015. “Foi uma realidade completamente diferente de tudo que já vivenciei.  Foi fundamental para meu crescimento emocional, as coisas que vi muitas vezes dava vontade de chorar com tanta pobreza, mais o que mais me encantou nas pessoas era a sua alegria de viver. Algumas nunca tinham visto uma pessoa branca, e quando íamos treinar em meio as plantações de chá , as crianças  começavam a correr do meu lado, e riam e cantavam, e no final do treino eles tinham medo de tocar na gente, era como se fossemos de outro mundo. Essa com certeza foi a viagem que mais marcou minha vida, e mudou tudo o que pensava em relação a vida, eu passei a ver a vida de uma forma mais grata e alegre”.

Flavia termina nossa resenha contando a importância do atletismo “ O atletismo é minha vida, minha história, o que sou hoje é por causa das vivências e oportunidades que o esporte me proporcionou. Tenho o atletismo como profissão. Me ajudou a crescer em todos os sentidos, me mostrou um caminho de oportunidades e eu a agarrei com todas as minhas forças e lutei pelos meus sonhos. Conheci o mundo, corri mundo a fora levando no peito a bandeira do Brasil e honrando meus pais e minha família com pódios internacionais”.

“Devemos acreditar em nós  mesmos e se dedicar, ter disciplina e foco. Lutar pelos nossos objetivos, e nunca perder a fé. Manter sempre a esperança que o melhor está por vir, porque tem o tempo para plantar e o tempo para colher. ” Completou Flavia

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