São Paulo - O mato-grossense Almir Cunha dos Santos, o Almir Junior, voltou na manhã desta terça-feira (dia 6) ao Brasil. Ele desembarcou no terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, com parte da delegação brasileira que participou do Campeonato Mundial Indoor de Atletismo, encerrado no último domingo, em Birmingham, na Grã-Bretanha, com um prêmio muito especial na mochila: a medalha de prata conquistada no salto triplo.
Aos 24 anos, o atleta da Sogipa (RS) conseguiu o melhor resultado da Seleção no evento da IAAF. Feliz, fez questão de não só mostrar a medalha, mas também o seu nome gravado no verso. "Está com meu nome. Dá uma olhada... Mas tenha certeza que é de todo o povo brasileiro", disse, sorrindo. "Ainda não consigo descrever a sensação com esta conquista. Sabia de minha responsabilidade porque entrei na prova como líder do Ranking Mundial, mas também sabia que ia enfrentar os melhores do mundo. Foi a prova dos sonhos", contou.
O segredo da medalha de prata? "Tranquilidade e confiança. Tudo isso foi proporcionado pelos treinamentos. Abdiquei de muitas coisas e na prova só pensei em fazer o meu melhor, respeitando os adversários e deu certo", lembrou o atleta, que fez sua carreira toda com foco no salto em altura e só no final de 2016 resolveu apostar no salto triplo, apoiado pelo técnico José Haroldo Loureiro Gomes, o Arataca.
Estudante do sétimo semestre de Educação Física na Faculdade Sogipa, em Porto Alegre, Almir nunca ganhou uma medalha no Troféu Brasil Caixa de Atletismo, o principal evento nacional da modalidade. No ano passado, sofreu uma lesão no pé esquerdo, ainda resquício de uma cirurgia realizada em 2014, nos tempos do salto em altura. "Na minha primeira seleção adulta já belisco um pódio. Agora está na hora de começar a ganhar também por aqui", brincou o saltador, bem-humorado, que em Birmingham deu entrevistas em inglês.
Para Arataca, Almir Junior tem um grande potencial ainda para melhorar. "Ele na verdade está começando o seu projeto para os Jogos de 2020 e de 2024. Ele tem muita dedicação aos treinos e, como ele disse, renunciou a muitas coisas para conseguir esta medalha. Este é o caminho", disse o treinador. "Tenho de agradecer muito à CBAt que nos apoiou em tudo em Birmingham. Tivemos uma delegação pequena, mas altamente qualificada. A nossa estrutura foi perfeita, graças ao patrocínio de CAIXA e da Nike", observou.
No Mundial, Almir saltou 17,41 m, o melhor resultado de sua carreira, ficando a 2 cm do norte-americano Will Claye, ganhador do ouro. O português Nelson Évora, campeão olímpico de Pequim 2008, ficou com o bronze, com 17,40 m.
Futuro - O bom desempenho do brasileiro na Grã-Bretanha já começa a abrir portas. Antes do evento, ele estava na lista de espera para o Meeting de Doha, no Catar, no dia 4 de maio. Agora, já está confirmado na competição, que abre a Liga Diamante da IAAF de 2018.
Almir, que seria recebido com festa nesta terça-feira em Porto Alegre, pediu uns dias de folga para o treinador. Quer matar as saudades de sua mãe, Conceição, que mora em Boa Vista, em Roraima, e de seu pai, Almir, que vive em Peixoto Azevedo, no Mato Grosso, onde o atleta deu seus primeiros passos no esporte.
Além da alegria pela medalha, pelo reconhecimento nacional e internacional por seu resultado, Almir está feliz também com os prêmios financeiros a que fez jus. Pelo segundo lugar, o mato-grossense vai receber R$ 60 mil da Confederação Brasileira de Atletismo, conforme determina o Programa CAIXA de Premiações por mérito. Ele irá receber ainda US$ 20 mil da IAAF pela prata.
"Tudo isso dá mais motivação ainda para trabalhar e pensar mais longe, no Mundial, nos Jogos Olímpicos, em melhorar minhas marcas", disse o saltador, que não teme ser sucessor de históricos atletas olímpicos do salto triplo como Adhemar Ferreira da Silva. "É um orgulho. É uma reverência fazer a mesmo prova que o Adhemar e outros nomes importantes", completou.
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