sábado, 6 de fevereiro de 2016

Após sinal de alerta no ano passado, atletismo ganha monitoramento maior

Depois da temporada 2015 terminar abaixo da expectativa para a modalidade, Comitê Olímpico do Brasil passa a acompanhar mais de perto potenciais finalistas dos Jogos

Esporte que mais distribui medalhas em Jogos Olímpicos, o atletismo acendeu sinal de alerta no Brasil. A temporada do ano passado teve apenas alguns bons lampejos para atletas do país e terminou abaixo das expectativas estabelecidas em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB). Desde o Mundial da China, em agosto, uma nova forma de desenvolver e acompanhar o rendimento de alguns dos competidores foi estabelecida. Aqueles que são apontados como potencial de bons resultados no Rio 2016 ganharam uma atenção ainda mais especial até as Olimpíadas em casa. 
- Os programas da Confederação de Atletismo (CBAt) e do COB mudaram um pouco. Vamos colocar como exemplo um atleta que pode ter medalha, o Thiago Braz, do salto com vara. Estive em Formia (Itália, onde ele treina) e passei uma semana com ele. Conversei com o técnico Vitaly Petrov (da Ucrânia), que é sensacional, e o problema que ele teve entre o Pan e o Mundial foi de alimentação. O Jorge Bichara (gerente geral de performance esportiva do COB) mandou um bioquímico com a nutricionista para acompanhar, vendo o dia a dia do Thiago. Agora, vou viajar para Varsóvia (Polônia) para ficar três dias com ele. Depois, viajo para Berlim para ver a Rosângela (Santos, velocista) e o próprio Thiago, para dar feedback. Ficamos mais próximos daqueles atletas que a gente considera que podem ser medalhistas e finalistas - explicou Carlos Alberto Cavalheiro, coordenador e treinador-chefe contratado pelo COB. 
Thiago Braz prata na Diamond League de Paris (Foto: EFE)
Thiago Braz é apenas um dos exemplos de uma lista que aponta os brasileiros que podem alcançar finais no atletismo dos Jogos Olímpicos deste ano. Apesar de terminar a temporada de 2015 entre os quatro melhores do mundo, com 5,92m, o jovem não conseguiu chegar nem nas finais do Pan e do Mundial - as principais competições do ano pré-olímpico. Além dele, outros atletas têm recebido visitas e um monitoramento das necessidades. Desde 2014, COB e CBAt trabalham em parceria no Programa de Preparação Olímpica que dá suporte e investe nos competidores com potencial. Nos últimos anos, assim como previsto para os próximos meses, campings de treinamento e desenvolvimento dentro e fora do Brasil foram realizados em diversas provas. 
- Agora realmente está funcionado. Essa é a diferença. Por exemplo, o Elson (Miranda, treinador) está com a Fabiana Murer e o Augusto Dutra treinando na Suécia. Agora vai alguém nosso, do COB, acompanhar, ver o que precisa. A ideia é dar apoio a todo mundo que está no nosso radar - explicou Cavalheiro, que acredita em melhora de rendimento dos brasileiros em casa. 
 Os Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 acenderam o sinal de alerta no COB, que esperava um desempenho melhor. Com disputas mais fortes do que a edição de quatro anos antes, em Guadalajara, os brasileiros conquistaram no Canadá uma medalha de ouro, com Juliana dos Santos, nos 5.000m. Após o fim da competição, Adriana Aparecida herdou o ouro da maratona, após a atleta peruana Gladys Tejeda ser flagrada em exames de dopagem.
O destaque de 2015, no entanto, foi novamente Fabiana Murer, que se despedirá do esporte após as Olimpíadas do Rio. A campeã mundial do salto com vara de 2011 foi medalhista de prata no Mundial de Pequim e no Pan de Toronto. Na China, apenas ela e o brasileiro João Vitor de Oliveira, dos 110m com barreiras, se despediram da competição alcançando as melhores marcas pessoais da carreira. A meta estabelecida para os Jogos é aumentar de forma significativa o número de atletas que conseguirão suas melhores marcas pessoais no Rio 2016. Isso tende a elevar o número de finalistas olímpicos. 
- Nosso objetivo é ter o maior número de finalistas. Para isso, todo este planejamento está sendo feito. Dois atletas melhoraram ou igualaram o melhor resultado no Mundial de Pequim. Pretendemos ter 60 atletas no Rio, e que 30 desses façam o melhor resultado durante os Jogos Olímpicos. Se isso acontecer, temos uma probabilidade de termos um número maior de finais, o que aumenta a possibilidade de medalha - disse. 
Na última edição dos Jogos Olímpicos, o atletismo brasileiro contou com 36 atletas. No entanto, a equipe deixou Londres 2012 sem medalhas na bagagem. Ao todo foram apenas três participações em finais. 

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