quinta-feira, 13 de junho de 2019

Chayenne Pereira vai do futebol às barreiras no atletismo e sonha ir mais longe

A atleta de 19 anos, tricampeã brasileira sub-20 nos 400 m com barreiras e 3ª colocada no Ranking Mundial da categoria, tem o desafio do Sul-Americano no fim de semana (15 e 16/6), em Cáli, Colômbia

Bragança Paulista - A carioca Chayenne Pereira da Silva (EMFCA-RJ) é um dos destaques do Brasil no XLIII Campeonato Sul-Americano Sub-20 de Atletismo, que será em Cáli, na Colômbia, neste sábado e domingo (15 e 16/6). Chayenne compete nos 400 m com barreiras e pode integrar o revezamento 4x400 m do Brasil estimulada por ter sido eleita a melhor atleta do Brasileiro Caixa Sub-20, disputado no início de junho, em Bragança Paulista (SP). Venceu os 400 m com barreiras, com 56.72, ainda a 3ª melhor marca no Ranking Mundial da IAAF de 2019 na categoria. No Brasileiro, Chayenne ainda correu e levou o ouro com o revezamento 4x100 m da EMFCA, com 47.90.
Com 19 anos, alcançou o seu melhor resultado pessoal e quebrou o recorde do campeonato (era 57.27 e pertencia a Amanda Fontes Dias, desde 2003). Chayenne ainda ratificou índice para o Pan-Americano Sub-20 de San José, Costa Rica, de 19 a 21 de julho.
Uma história de apenas cinco anos no atletismo, mas que já permite sonhar com um futuro na seleção adulta, e com competir Mundiais e Olimpíadas. Chayenne Pereira começou a se interessar por esporte na Escola Municipal Ipeg, no bairro onde mora, o Jardim Palmares, em Paciência, no Rio de Janeiro. Mas gostava mesmo de futebol - corria muito e era atacante e não queria largar a bola. Torce pelo Flamengo, acompanha as seleções brasileiras e ainda mais agora a feminina - "Marta, Formiga, Cristiane... são muito craques!"
No atletismo fez salto em altura, lançamento do dardo e 3.000 m com obstáculos antes das corridas com barreiras em que se especializou. A decisão de mudar do futebol para o atletismo veio no meio de 2014, com um convite para um apronto e depois a disputa de um Brasileiro Sub-16. Ganhou a medalha de prata com o revezamento 4x75 m naquela competição, em São Paulo, e se empolgou. Na volta daquele Brasileiro passou a treinar com Marsele Mazzoleni Machado, sua "parceira" até hoje.
"Em 2015, numa pré-temporada na praia, ela esticou uma corda para a gente correr, passei fácil e comecei a treinar corridas com barreiras", conta. No Brasileiro daquele ano, em São Paulo, ainda mirim, foi prata nos 300 m com barreiras e ouro nos 80 m, vendo seus tempos baixarem.
Em 2016 foi segunda colocada nos 100 m e nos 400 m com barreiras no Brasileiro Sub-18 e ficou triste por não ir ao Sul-Americano (as vagas foram reservadas aos primeiros de cada prova). Mas veio 2017 e o índice para o Mundial de Nairóbi, no Quênia - foi 8ª colocada nos 400 m com barreiras, apesar de uma virose e uma gripe - chegou a perder 3 quilos -, e correu 1:02.17 na final, sua melhor marca.

No mesmo ano de 2017, foi campeã brasileira Sub-20 pela primeira vez, título repetido em 2018, com nova vaga para o Mundial Sub-20 de Tampere, na Finlândia. Chegou a semifinal dos 400 m com barreiras, com 59.19 (foi 18ª colocada), mas fez final e recorde sul-americano como integrante do revezamento 4x400 m do Brasil (3:34.55, 8º lugar).

Neste ano de 2019, veio o tricampeonato dos 400 m com barreiras no Brasileiro Caixa Sub-20 de Bragança Paulista, no dia 2 de junho, com uma marca especial - 56.72, seu melhor tempo, recorde do campeonato e 3ª melhor marca do mundo. "O nosso objetivo e o trabalho era para isso, baixar de 57. Não sabíamos se ia sair no Sul-Americano, no Pan-Americano, em que momento... No GP Brasil (28/4) corri 58.04, minha melhor marca. Lá, já era para ter saído, mas errei na virada (transição dos 200 m)."

Chayenne treina numa pista de 250 metros na Vila Olímpica, em Santa Cruz, e duas vezes por semana no CDA, no Campo dos Afonsos. Pela técnica Marsele diz que tem "gratidão total" e explica. "É uma parceria incrível, se ela não tivesse acreditado em mim eu não chegaria a lugar nenhum." Tem o apoio da terapeuta Fabiana Marques, com quem fez um trabalho psicológico para aprender a manter o foco e a concentração no que está fazendo na hora da corrida. "Não ficar avoada, pensando em outras coisas. A terapia me ajudou." E também tem o apoio e a torcida dos pais Marcos e Norma e do irmão Douglas. Fala com a família antes e depois das provas.
Fica feliz que o Brasil tenha bons resultados nas barreiras, com Gabriel Constantino, Eduardo de Deus e Alison Brendom que, assim como ela, é sub-20. "Nossa, que bom ver o Brasil aí..." E não esconde que sonha em estar e competir bem em uma Olimpíada. Pensava em Paris 2024, mas com os seus resultados recentes acha que pode sonhar com Tóquio 2020. "Tomara!"
A delegação brasileira embarcou para o Sul-Americano de Cáli na madrugada desta quinta-feira (13/6). A competição será aberta no sábado, com a disputa dos 10.000 m marcha atlética feminina, às 10 horas de Brasília (8 horas locais).

A Caixa é a patrocinadora oficial do atletismo brasileiro.

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