A crise financeira e os cortes no orçamento da União não atingiram o Ministério do Esporte, que vai repassar R$ 26 milhões à CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) nos próximos 24 meses. Este valor representa mais da metade do orçamento anual da entidade (cerca de R$ 40 milhões) e será destinado para a implantação da “Rede Nacional de Atletismo”.
“Parece muito dinheiro, mas não é. Porque é um projeto para atender a todas as regiões do Brasil”, explicou Antônio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da CBAT.
De acordo com o Ministério do Esporte, esse montante deve ser utilizado para implantação e manutenção de 12 centros de treinamentos. Estima-se que 500 atletas, preferencialmente da base, sejam atendidos. Ou seja, não é voltado para os desportistas que devem representar o Brasil nos Jogos do Rio-2016, e sim para Tóquio-2020 em diante.
Onze Estados serão contemplados com o projeto (AM, CE, MG, MT, PI, PR, RJ, RN, RS, SC e SP). Esses R$ 26 milhões não devem ser utilizados para obras ou construções. Todos os CTs já estão de pé e prontos para serem utilizados, segundo Gomes.
“É um programa que desenhei baseado no que se faz no Leste Europeu e em boa parte do mundo. Vamos implantar uma unidade no conhecimento, porque o Brasil não tem um sistema único, nacional, de treinamento”, disse Gomes, que é mestre em pedagogia do treinamento pelo Instituto Estatal da Ordem de Lênin, de Moscou, na Rússia, e doutor em ciências do treinamento desportivo de alto rendimento na Universidade Nacional da Cultura Física e Esportes, também da capital russa.
O dirigente explicou que o trabalho começa nos CTs locais, onde serão identificados talentos da região de, no máximo, 19 anos. “Os atletas participarão de estágio de desenvolvimento nos Centros Regionais de forma padronizada e unificada com a metodologia da CBAt”, explicou o Ministério do Esporte, em nota publicada em sua página na internet.
Os que se destacarem, avançam aos CTs regionais, e dali para os nacionais, que serão no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo, e na pista de atletismo do Centro de Desportos da Aeronáutica do Rio de Janeiro.
“As pessoas gostam de repetir que precisa aumentar a base para ter mais atletas de qualidade no Alto Rendimento. Mas olha ai para as corridas de rua. Temos milhares de corridas de rua no Brasil, mas quantos medalhistas olímpicos ou recordistas mundiais nos temos? Quer dizer, temos uma base grande de corredores de rua, mas a qualidade não acompanha esse crescimento. E a Rede Nacional de Treinamento chegou com este propósito, de qualificar a base. Vamos servir de modelo para outras modalidades”, previu, otimista, Antônio Carlos Gomes.
A previsão é de que em março se iniciem os trabalhos.
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